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terça-feira, 17 de julho de 2012

TUDO SOBRE OBESIDADE INFANTIL




Há uns 20 anos, quando as pessoas iam se divertir na Disneyworld, lá nos Estados Unidos, voltavam com relatos de espanto diante do número de gorduchos que circulavam pelos parques. Já naquela época, as pesquisas mostravam que 25% das crianças americanas eram obesas. Mas agora o problema não está mais restrito àquele país. Parece que o mundo inteiro engordou. A obesidade supera até o drama da desnutrição do continente africano e os médicos tratam o assunto como uma questão de saúde pública.


No Brasil, o último inquérito nacional promovido pelo Ministério da Saúde e pelo IBGE data de 1996, mas já identificava 5% de crianças obesas na faixa de 0 a 5 anos. Hoje, novos levantamentos incluem nesse time 10% dos brasileirinhos de 5 a 10 anos. E um estudo recente, feito com 20 mil crianças em Santos, elevou para 40% a população mirim de obesos ou com sobrepeso. Enquanto isso, os médicos vão fazendo suas conjecturas a partir do que vêem nos consultórios. E o que eles dizem é assustador: cerca de 15% das nossas crianças já fazem parte da multidão de obesos que, se nada for feito, pode até dominar o planeta.

Come-se muito, gasta-se pouco
Falta de exercícios, hábitos alimentares inadequados, ansiedade, bombardeio de anúncios de alimentos “gordos” na TV, vida familiar conturbada... — tudo isso pesa na balança. Literalmente. É claro que a genética também conta. Se um dos pais é obeso, a criança tem de 30% a 40% de chance de vir a ser. Se os dois são, o risco dobra. Mas, entre todos esses inimigos, o sedentarismo é o pior. As crianças não andam mais de bicicleta porque é perigoso circular pelas ruas, passam horas grudadas na TV ou plugadas na internet e entendem recreio como hora de comprar lanche. Aulas de balé e outras modalidades que exigem um mínimo de esforço e ainda são recompensadas com hambúrguer e batata frita não passam de meros paliativos.
É duro admitir, mas o nosso estilo de vida também vai para o banco dos réus. Sentar-se em torno da mesa, com a família reunida, e saborear uma refeição feita em casa, a conversa rolando gostosa, é raridade. Em vez disso, cada um come num horário, às pressas, em geral na praça de alimentação de shoppings e lanchonetes. O fato de os pais passarem menos tempo com os filhos e assim terem pouca chance de lhes ensinar hábitos alimentares saudáveis também influi.

Geração fast-food
Nada contra sair para jantar fora ou curtir um hambúrguer eventual. No entanto, trocar rotineiramente a comida caseira pelo cardápio gordo das lanchonetes é garantir uma ingestão excessiva de carboidratos. Esse nutriente é importante e necessário. Mas, numa refeição saudável, deve ocupar 50% do cardápio, deixando espaço para 15% de proteína e 35% de gordura. Quando uma criança devora um pacote de bolacha na hora do lanche, está ingerindo o valor calórico equivalente a uma refeição completa e — pior — com uma predominância absoluta de carboidrato.
Para ensinar a moçada a comer direito, respeitando a proporção entre os nutrientes,os especialistas propõem, cada qual faz seu prato e quem abusar do carboidrato tem de compensar esse excesso pagando uma multa, não em dinheiro, mas com alguma forma de atividade física. A idéia é divertida e nasceu de um estudo da equipe de Taddei, realizado em 2004, depois de avaliar as propagandas veiculadas nos intervalos dos programas infantis das maiores redes de TV.
A conclusão: 10% delas estimulavam a garotada a consumir biscoitos, refrigerantes e achocolatados, ao contrário do que acontece na Europa e nos Estados Unidos, onde os anúncios de alimentos hipercalóricos está proibido. O carboidrato saudável não é o açúcar refinado, mas a frutose das frutas e os açúcares dos amidos e cereais.

Preocupação com o futuro
Apelidos, gozação, preconceito — criança gordinha sofre. Se for obesa, então, nem se fala. As humilhações vêm em dobro e as alcunhas tornam-se ainda mais cruéis. O prejuízo, no entanto, não se limita à baixa auto-estima por causa da imagem refletida no espelho. O sobrepeso aumenta as chances de problemas ortopédicos, infecções respiratórias e de pele, sem falar nos conflitos emocionais que interferem no convívio social e na vida escolar. Recentemente descobriu-se que a obesidade infantil pode levar à cirrose hepática por causa da gordura que se deposita no fígado — distúrbio chamado de esteatose. Felizmente é possível detectar e reverter o mal se a criança perder peso.
No entanto, mesmo que a criança emagreça aos 10 anos, se foi obesa aos 5 já acumulou grande quantidade de tecido gorduroso, o que pode condená-la ao efeito sanfona para o resto da vida. Ou seja, nem todo garoto fofão se torna obrigatoriamente um adulto peso pesado. Mas que as chances são muito grandes, isso são. Criança obesa em idade pré-escolar tem 30% de chance de ser um adulto obeso; em idade escolar, 50%; caso continue muito gorda na adolescência, as probabilidades de crescer obesa sobem para 80%. E se mantiver o shape rechonchudo e virar gente grande gorda, o caldo engrossa — pode desenvolver males crônicos, como diabete, hipertensão e doenças cardiovasculares.

É melhor prevenir
Botar criança de regime? Ninguém merece. Por isso os pediatras apostam na prevenção. Não à toa eles tentam fazer a cabeça da família desde a hora do parto, ensinando-a a rezar pela cartilha da alimentação saudável. Se a mãe não gosta de determinado alimento, o filho também vai rejeita-lo. Para ter pacientes saudáveis, portanto, os bons profissionais têm de pesquisar e eventualmente reorientar os hábitos alimentares da família — checar se fazem todas as refeições, quanto comem, se são chocólatras, se gostam de verduras e assim por diante.
Mesmo com pais bem-educados, pode ser que a criança já nasça com vocação para o junk food e caia na cilada do sobe-e desce da balança. Então, o jeito é partir para a reeducação alimentar. O importante não é transformar seu pequeno num neurótico contador de calorias e sim ajuda-lo a trocar os maus elementos pelos heróis da nutrição, usando receitas apetitosas, bonitas e coloridas e afastando da geladeira as tentações perigosas. Também não vale tentar acelerar a perda de peso. Isso acaba comprometendo o ritmo do crescimento — principalmente na fase da puberdade, entre 9 e 10 anos. Inibidores de apetite não são indicados para menores de 14 anos. Depois disso, só com expressa recomendação de um especialista. As armas para tirar seu filho das tristes estatísticas (ou evitar que ele venha a fazer parte delas) estão nas suas mãos. Basta adotar um estilo de vida equilibrado e partir para uma ação multidisciplinar entre médicos, nutricionistas e psicólogos.

Sinal de alerta
O índice de massa corporal (IMC) isolado não é o melhor parâmetro para avaliar se o seu filho entrou para a turma dos gorduchos, pois as crianças crescem rapidamente e a oscilação de peso e altura não permite uma avaliação exata. Mas, se o IMC ultrapassar esses valores, vale a pena procurar o pediatra. Para calcular, divida o peso pela altura ao quadrado.
O pediatra avalia o peso, a altura, a idade e o sexo e compara esses dados com as tabelas de referência de crescimento e desenvolvimento. Faz também um exame clínico geral e investiga detalhadamente os hábitos alimentares da criança. Se ela estiver no limite da obesidade, com certeza vai ter de encarar uma dieta hipocalórica. Caso esteja obesa, o médico costuma pedir exames de colesterol, glicemia e hormônios da tireóide, além de checar se há complicações respiratórias, como apnéia do sono. Ele também pode investigar possíveis distúrbios metabólicos — o acúmulo de gordura no fígado, ou esteatose hepática, é um dos mais preocupantes.

Ser gordo dói
O ‘gordinho feliz’ é um estereótipo cruel. Todo obeso se sente pouco atraente e mal-amado — e a gordura é um jeito de mostrar que não está bem. Vários sintomas revelam o quanto a criança sofre.
Alta ansiedade - Come rápido, várias vezes e em grandes quantidades, na tentativa (sempre frustrada) de preencher com o alimento um vazio interior. É preciso descobrir o foco da ansiedade e outros fatores emocionais que causam o descontrole.
Baixa auto-estima - Tem vergonha do próprio corpo, reforçada pelo olhar crítico do outro. Cria-se, então, um círculo vicioso — quanto mais se envergonha, mais come. O quadro pode levar até à depressão.
Para evitar o preconceito - A criança gorda pode se refugiar na solidão, evitando o convívio social, o que repercute, entre outras coisas, no rendimento escolar.
Falsa ousadia - Buscando ser aceito pelo grupo, se transforma no engraçadinho da classe ou vira o rebelde que tem coragem de enfrentar a professora.

Fonte: saude.abril.com.br / FULANINHA

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