Após 160 atrações musicais e 700 mil pessoas em 7 dias da quarta edição do Rock in Rio no Brasil, chegou a hora de lembrar o que marcou este festival. Houve de apresentações memoráveis a exageros performáticos, de personagens inesperados a imagens de encher os olhos. Mas as coisas não acabam por aqui. Afinal, todo dia é dia de rock, bebê.
Os sucessos de Stevie Wonder já seriam o bastante para fechar bem o dia 29, mas o cantor foi além de “You are the sunshine of my life”, "Higher ground", "I just called to say I love you", “My cherie amour” e “Isn't she lovely”. A apresentação teve ainda a presença da cantora Janelle Monáe. Na noite do soul, Stevie cativou famílias e casais com covers de “The girl from Ipanema” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), e “Você abusou”, de Antonio Carlos e Jocafi, conhecida na interpretação de Toquinho. Salve simpatia.
Ela bem que se esforçou. A apresentação que durou uma hora foi suficiente para Ke$ha quebrar uma guitarra ("Fuck him"), "beber" sangue falso ("Cannibal") e estrelar coreografias desconjuntadas que não foram exatamente bem recebidas pela plateia. O dance pop festivo e desbocado da cantora americana ficou totalmente descontextualizado na noite dos sons com pegada soul de Janelle Monáe, Stevie Wonder e Jamiroquai.
Nenhuma apresentação foi tão marcada por um hit como a do Coldplay, que fechou o penúltimo dia de Rock in Rio. Durante grande parte do espetáculo, os fãs do grupo britânico entoaram o coro de "Viva la vida" como se fossem uma torcida de futebol, antes, durante e depois de Chris Martin cantar o hit do disco de mesmo nome lançado em 2008. A música foi a mais celebrada do set de uma hora e 25 minutos de bom show, concorrendo com hits como "In my place", "Fix you" e "Clocks".
Uma entrevista ao vivo da atriz Christiane Torloni no primeiro dia do festival deu o tom das brincadeiras tanto na internet quanto nos quatro cantos da Cidade do Rock - ao longo de todos os sete dias de festival. Em um papo para lá de 'alegre' em frente às câmeras, Christiane Torloni soltou a frase que seria transformada em marca da atual edição do festival: 'Hoje é dia de rock, bebê!'. O bordão foi parar na boca de famosos e anônimos que circularam pelos gramados do festival e brilhou até nas estampas das camisetas.
O vocalista Adam Levine arrancou suspiros do público feminino, notadamente em maioria durante o show da banda californiana Maroon 5 no sábado (1º). Com uma camisa justa, uma performance cheia de rebolados e saltos no encerramento de quase todas as canções, o cantor comandou os coros das mulheres na plateia e conseguiu total domínio da multidão. Cada sucesso do Maroon 5, como “Sunday morning” e “This love”, tinha os gritinhos das garotas como complemento obrigatório.
Deu um justo empate no quesito beleza. Afinal, foram dois estilos de visual completamente diferentes, mas que encheram de graça os palcos do Rock in Rio. De um lado, a inglesa Joss Stone, brejeira e descompromissada, encantadora por sua doçura no olhar e por sua simpatia. Do outro,a sensualidade latina de Shakira, que entortou os pescoços dos marmanjos com rebolados diferentes para cada música. As duas fizeram bem não só para os ouvidos da plateia.
Na performance com toque sexy e provocante de Katy Perry no primeiro dia de festival, um anônimo da plateia conseguiu seus 15 minutos de fama. O rapaz que ficou conhecido como "Julio de Sorocaba" subiu ao palco e virou parte da apresentação. Beijou Katy Perry, foi beijado pela cantora e acabou como viral na internet. Conseguiu até um contrato para tuitar durante o Rock in Rio, mas o prêmio maior foi a 'chegada' em Katy. Ele definiu o momento mágico em uma frase: "ela tem um gosto muito macio".
Se música barulhenta, roupas de presidiário e máscaras não fossem suficientes para fazer do show do Slipknot, no domingo (25), a performance mais marcante do Rock in Rio, um dos integrantes teve a interação mais forte com o público do festival. Quando começou a apresentação de "Duality", o DJ Starscream subiu em lugar reservado para a equipe técnica do evento e pulou em cima do público, em uma das cenas mais marcantes dos sete dias de Rock in Rio.
Diferentemente de edições passadas do Rock in Rio, não houve chuva de latas e nem mesmo vaias em profusão - pelo menos algo que ficasse para a história. A programação no Palco Mundo foi razoavelmente coesa e dias como o de inspiração black, com Janelle Monáe e do metal, tiveram boa resposta do público. Mesmo as exceções Ke$ha e Gloria acabaram saindo ilesos de constrangimentos mesmo estando algo deslocados no line-up. É verdade que Gloria, sofreu um pouco mais com algumas vaias dos metaleiros enquanto arriscava covers do Pantera.
A ideia para o Palco Sunset, local onde aconteceriam os shows menores, era a de promover encontros. A escalação previa que duas bandas se juntassem no palco para gerar, por meio de uma parceria, shows exclusivos e inovadores. Mas faltou acertar os detalhes da propostas com os próprios músicos que aceitaram o desafio da organização. Ao longo do festival, o que mais aconteceu foi o revezamanto entre as bandas "parceiras", que faziam shows separadamente. O caso mais extremo foi o de Tom Zé e Mutantes.
A tirolesa foi um dos brinquedos que mais teve procura na Cidade do Rock nos sete dias de Rock in Rio. A brincadeira partia da altura de 24 metros e o trajeto de 200 metros de extensão, diante do Palco Mundo, era feito em brevíssimos 35 segundos. O equipamento funcionou a partir da abertura dos portões até a madrugada seguinte. Os fãs de música ficaram até sete horas na fila da brincadeira radical. Até a cantora americana Janelle Monáe fez questão de experimentar. Já a nossa Ivete chegou a tuitar que gostaria de usar o brinquedo durante um dos shows.
Artimanha manjada, enfiar sucessos de outros no repertório foi prática recorrente. O Detonautas fez citações a Queen, Nirvana e Raul Seixas em troca de aplausos. O Gloria enfrentou as vaias no dia do metal com covers de peso do Pantera. A campeã, no entanto, foi Claudia Leitte, com covers de Rolling Stones, Led Zeppelin, Zeca Baleiro, Tim Maia, Frenéticas, Chico Science, Jorge Ben Jor e Sergio Mendes. Emmerson Nogueira se orgulharia.
fonte:G1
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