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domingo, 22 de agosto de 2010

Com efeito anti-inflamatório, semente de sucupira vira febre em Limeira



A semente Pterodon Pubescens Benth, popularmente conhecida como sucupira, virou febre em Limeira. O efeito anti-inflamatório, que combate as dores, sobretudo de quem sofre com artrite e artrose, está sendo disseminado por quem já usou. A semente, vendida em lojas de produtos naturais, até encareceu devido à grande procura.

Na Sabor & Vida, 30 gramas da semente, que antes custava R$ 1,50, passou a R$ 2,50. Ontem, só havia três pacotinhos devido à grande procura. A vendedora da loja Ana Paula Forti confirma que a semente encareceu após a população descobrir o resultado positivo contra as dores.
Depois do aumento da demanda, há alguns meses, a loja Semeando comercializa ainda cápsulas e o extrato da semente. “Todo dia tem gente procurando a sucupira”, conta a vendedora.
O médico limeirense Luiz Pedro Prada Neto também confirma que muitos pacientes já o questionaram sobre a semente de sucupira. Como ainda não ocorreram publicações que comprovem a eficácia, o médico diz que não incentiva, porém, não contraria o paciente que quer consumir, já que se trata de um produto natural.
É feito um chá com as sementes - cerca de cinco, após quebradas, em um litro d’água. Izabel Aparecida, 53 anos, consome o chá há 15 dias e confirma que suas dores, decorrentes de artrose, sobretudo nos joelhos e nas costas, amenizaram. Ela diz que o produto é bom até para o controle do diabetes e para depuração do sangue. Assim como muitos limeirenses, ela descobriu a receita através de uma amiga, que passou para outra, que já falou da semente para outras pessoas e assim por diante. “Depois que me falaram, procurei saber na internet”.
Antônio Juarez, 60, também consome o chá. Ele sofre com fortes dores na coluna, já passou por diversas sessões de fisioterapia, mas garante que melhorou após tomar o chá de semente de sucupira. A febre começou após uma reportagem veiculada em programa de televisão, que mostrou os efeitos curativos da substância.

ALVO DE ESTUDOS
As propriedades da semente também são alvo de intensas pesquisas pelo Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Unicamp. O primeiro trabalho foi orientado pelo professor João Ernesto de Carvalho, biomédico com formação em farmacologia. Nesse trabalho, foi confirmado o efeito anti-inflamatório. Como inflamação e dor são distintas, um segundo estudo de mestrado, desenvolvido por Humberto Moreira Spindola e orientado pela química especialista em fitoquímica, Mary Ann Foglio, deteve-se no efeito sobre a dor. Os dois trabalhos de mestrado confirmaram esses efeitos.
Os pesquisadores partiram do óleo fixo, não volátil, da semente de sucupira e tentaram verificar os componentes da grande mistura que o constituem. A planta produz, para subsistir, uma série de substâncias como mecanismo de defesa e de adaptação ao meio em que se encontra. Dessas, conseguiram isolar várias já conhecidas e relatadas na literatura e uma inédita, que se revelou particularmente interessante na inibição da linhagem de células do câncer de próstata em estudos in vitro. Também foram iniciados os estudos para o combate às células cancerígenas em animais. Confirmados os resultados positivos, o passo seguinte será o estudo do mecanismo de ação, a exemplo do que também estão fazendo em relação à dor.

Especialista da Unicamp alerta que o
uso indiscriminado pode ser negativo


João Ernesto de Carvalho, doutor em Farmacologia, pesquisador da (Unicamp), membro do Ministério da Saúde e pesquisador ID do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, disse ontem à Gazeta que o uso indiscriminado de plantas medicinais pode causar problemas de saúde. De acordo com ele, substâncias presentes em algumas espécies podem interagir negativamente com certos medicamentos empregados no tratamento de doenças crônico-degenerativas, prejudicando o processo terapêutico. No caso da semente de sucupira, ressalta que estudos, com animais, ainda estão em andamento e que, a longo prazo, ainda não se sabe se pode ser tóxico. Sabe-se que já ocorreu de drogas anti-inflamatórias causarem problemas hepáticos e renais. “Outro problema é que, como a procura é muito grande, podem estar sendo comercializadas sementes que não são as de sucupira. Sem contar que há várias espécies de semente de sucupira. A que está em estudo é a Pterodon”. Ele não sabia que já estavam sendo vendidas cápsulas e extrato de semente de sucupira. Carvalho ainda diz à reportagem que a maioria dos médicos não tem conhecimento desse tipo de problema. “Isso se deve especialmente ao fato de os cursos de Medicina não oferecerem uma disciplina que trate em profundidade a questão do uso de fitoterápicos e plantas medicinais. Isso faz com que esses profissionais dificilmente associem uma mudança no quadro geral do paciente ao possível consumo de um chá. Ele resume: “Não consuma antes dos estudos serem concluídos e a eficácia aprovada pelos órgãos responsáveis. Se consumir, avise seu médico, principalmente se estiver em tratamento”.
fonte:Gazeta de Limeira (Renata Reis)

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