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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Teste: Volkswagen Gol Ecomotion cumpre o que promete

Os automóveis no mercado brasileiro agregam itens a cada ano ou versão. Equipamentos como direção hidráulica, travas elétricas, conta-giros e ajuste de altura do banco, antes oferecidos como opcionais, hoje são originais de fábrica mesmo em compactos de entrada. Mas o Gol Ecomotion vai justamente contra esta lógica de "quanto mais, melhor".

A versão da antiga geração do compacto da Volkswagen é aquele carro vulgarmente chamado de pelado. Vem apenas com o básico indispensável. Justamente para atrair clientes totalmente focados no custo/benefício – além de frotistas, é claro. Gente bastante interessada em pagar menos. Mesmo que, para isso, seja necessário levar menos para casa.

A extrema racionalidade do Gol já começa pela carroceria. Baseado na chamada geração 4 do hatch, a versão só é comercializada na configuração duas portas – menos portas significa menor custo de produção. Na enxuta lista, o único "luxo" do modelo, por assim dizer, é um ajuste manual de altura do banco do motorista – item presente em toda a linha Volks no país, diga-se de passagem.

Espelhos cortesia nos parassóis, comando interno manual dos retrovisores externos, calotas, banco traseiro rebatível, cobertura do porta-malas e tomada 12V são os únicos equipamentos que merecem algum destaque no sentido de acrescentar algum conforto. Essa avarenta lista de equipamentos ajuda a explicar porque o preço do carro começa em R$ 26.160 – é o mais barato de toda a linha da marca alemã vendida por aqui.

Para mover seu modelo mais despojado, a Volks também se vale de seu motor menos potente: o 1.0 de 68 cv com gasolina e 71 cv com etanol a 5.750 rpm e torque máximo de 9,4 kgfm e 9,7 kgfm a 4.250 giros. Mesmo assim, não fica mais barato que seus rivais diretos com duas portas.

O Renault Clio Campus, por exemplo, oferece desembaçador traseiro, aviso de luzes acesas e motor 1.0 16V de 76/77 cv. O Chevrolet Celta Life tem propulsor 1.0 de 77/78 cv, conta-giros e aviso de luzes acesas a partir de R$ 25.865. O Ford Ka 1,0, é verdade, é menor, mas oferece travas elétricas, alarme e abertura interna da tampa do porta-malas por iniciais R$ 25.450. E o Mille Economy é disparado o mais barato: R$ 23.850, mas só oferece espelho no parassol do carona. Brigando por fora, há também o Effa M100, que chega da China com preço inicial de R$ 25.980. Traz motor 1.0 de 47 cv, quatro portas, ar condicionado, direção elétrica, rodas de liga leve e vidros elétricos nas quatro portas. Coisa de chinês.

Pelo menos, a lista de opcionais do Gol ecomotion é "farta". Desde um simples desembaçador do vidro traseiro por R$ 190 com lavador e limpador traseiros por mais R$ 340. Também há um kit com ar, direção hidráulica, vidros e travas elétricos por R$ 5.190. E até um inusitado sistema de som com rádio/CD/MP3, entradas USB e SD card e Bluetooth – quase um oásis de requinte em um veículo tão árido de luxos. Completo, com tudo isso, o Gol Ecomotion chega a R$ 34.050. O que o deixa longe da proposta sovina que a Volkswagen planejou para o veículo, pensado para atrair consumidores que se deixam seduzir pelo velho mas chamativo apelo do preço "a partir de".

Sem pompa
Entrar no Gol Ecomotion é como voltar no tempo. Afinal, o modelo mais barato da Volkswagen no país só é vendido com duas portas. Além disso, por dentro tudo é de uma simplicidade franciscana. Nenhum indício de luxo nos plásticos que revestem o painel e as portas do compacto e o quadro de instrumentos traz apenas o básico.

A versão testada, aliás, seguia fielmente a proposta da versão: não dispunha nem de direção hidráulica, nem de ar-condicionado. O que indiretamente ajuda a minimizar as limitações de desempenho comuns nos modelos com motor 1.0. O eficiente e opcional rádio/CD/MP3 – com entradas USB e SD card e Bluetooth – ajuda a tornar a viagem mais agradável.

Com apenas 853 kg, o Gol Ecomotion oferece até arrancadas interessantes para um propulsor 1.0 de 71 cv – com etanol. O zero a 100 km/h é feito em comportados 12,9 segundos. O baixo peso também ajuda a compensar a ausência de direção hidráulica na hora de estacionar. Mesmo assim, o motorista mal acostumado sente um pouco o peso da direção ao manobrar.

De volta ao desempenho, as retomadas são prejudicadas pelo motor só encher após 4 mil giros. Mas, com paciência, é possível levar o compacto a 165 km/h. No entanto, a comunicação entre rodas e volante já fica imprecisa a partir dos 110 km/h e qualquer vento lateral já obriga o motorista a ficar atento e corrigir o carro a todo instante.

Nas curvas, o Gol se comporta bem em velocidades normais. Se o motorista abusar, o modelo tende a rolar. Ou seja, é um veículo para rodar civilizadamente dentro das cidades. Já a vida a bordo tem seus prós e contras. A crônica posição um pouco torta de dirigir incomoda, mas o modelo oferece uma ergonomia eficiente e uma visibilidade boa, principalmente nas laterais e na dianteira.

Apesar de tradicionalmente ter uma suspensão mais rígida, o Gol filtra bem as imperfeições do asfalto. O espaço para pernas e cabeças é limitado como em qualquer compacto e o isolamento acústico falha já a partir dos 80 km/h. Mas, no que diz respeito ao bolso, o Ecomotion também é fiel a sua proposta na hora de abastecer: o modelo testado fez a média de 9,7 km/l. Coerente para um carro leve, sem ar-condicionado, com motor 1.0 e cuja racionalidade é o maior apelo.

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Com apenas 853 kg, hatch oferece arrancadas interessantes para um propulsor 1.0 de 71 cv

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